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Ensaios de produtos

Filtros Omegon Pro

Os filtros proporcionam muitas vezes uma boa visibilidade dos objetos de céu profundo. Os filtros Omegon Pro foram testados na prática e em laboratório.

Teste da Abenteuer Astronomie, dezembro/janeiro de 2017, Autores: Christoph Kunze, André Knöfel Teste da Abenteuer Astronomie, dezembro/janeiro de 2017, Autores: Christoph Kunze, André Knöfel

A série de filtros Omegon Pro em laboratório e na prática

Desde meados de 2016 que a Omegon, a marca própria da Astroshop, oferece uma série com a designação Omegon Pro, além das séries de filtros Basic e Advanced já estabelecidas. Testámo-la em laboratório e na prática.

Além do conjunto clássico de filtros LRGB, a série Omegon Pro oferece filtros UHC, CLS, Hα, Hβ, OIII (CCD) e SII (CCD) nos tamanhos de conexão 1,25” e 2”. Todos os filtros da série são fornecidos com um protocolo de teste sob a forma de uma curva de transmissão que, segundo a Omegon, é criada individualmente para cada filtro. Isto significa que cada comprador conhece o desempenho específico do seu filtro, uma vez que, como se sabe, qualquer fabrico em série corre o risco de dispersões. Para o teste, a Omegon disponibilizou-nos conjuntos completos de 1,25” e 2”.

Teste em laboratório e no céu

Os testes realizados aos filtros foram divididos em duas partes: o teste de laboratório realizado por André Knöfel, em que a transmissão foi medida com um espetrofotómetro Agilent Cary Varian 5000 UV-Vis-NIR, e o teste prático conduzido por Christoph Kunze em objetos do céu estrelado. Dado o tempo disponível e as condições meteorológicas, só foi possível realizar os testes práticos visualmente com o conjunto LRGB e com os filtros UHC, CLS e OIII. Os filtros Hα, Hβ e SII foram testados exclusivamente em laboratório.

Os filtros são embalados num recipiente de plástico e fornecidos com o devido acondicionamento — tal como seria de esperar. A embalagem exterior é constituída por um pequeno saco e uma caixa de cartão simples. O recipiente de plástico é fácil de abrir, sem o risco de todo o conteúdo cair devido à gravidade. No que respeita à sensação tátil dos filtros, pode-se dizer que a relação peso/tamanho transmite qualidade.

Uma vez que o manuseamento desempenha um papel importante na escuridão, é importante referir aqui que todas as versões de 1,25” têm uma superfície estrutural lisa, ao passo que as variantes de 2” têm nervuras. Estas últimas são claramente mais vantajosas em termos de aderência. Todas as roscas têm um acabamento impecável e encaixam facilmente em todas as oculares utilizadas e numa roda de filtros de 1,25”.

Filtros LRGB

Os conjuntos de filtros LRGB Omegon Pro apresentam uma transmissão bastante uniforme em amplas gamas. Do vermelho ao azul, a transmissão diminui apenas ligeiramente a um nível elevado, o que não afeta a utilização na prática.

Entre as gamas de cor existe uma pequena sobreposição; o filtro de luminância está aberto em toda a gama RGB com uma transmissão média de 97 % e bloqueia com segurança na gama UV e na gama NIR das câmaras CCD e DSLR convencionais. Os halos e os reflexos aquando da utilização de filtros são um assunto amplamente discutido em vários fóruns da Internet, uma vez que costumavam aparecer durante a observação de estrelas brilhantes ao utilizar alguns produtos de diferentes comerciantes.

Só era possível eliminar este efeito através de um processamento de imagem elaborado. Além disso, a homofocalidade do conjunto de filtros desempenha um papel importante, uma vez que refocar em qualquer canal é algo impensável. Os testes foram efetuados com uma DMK monocromática da Imaging Source, uma roda de filtros de 1,25” e um newtoniano f/4 de 8” em Alcor e Mizar. O resultado mostrou que não havia reflexos e que todos os filtros eram homofocais.

Filtros de banda estreita

A poluição luminosa é um tema presente na astronomia de observação. É por isso que qualquer observador ativo já lidou, pelo menos uma vez, com o tema dos filtros para astronomia, que visam aumentar o contraste entre o objeto e o fundo do céu. Existe atualmente uma panóplia dos chamados filtros de luz urbana e de outros filtros que são aparentemente úteis na observação visual. Os filtros CLS e UHC Omegon Pro foram testados em cinco noites, em diferentes condições e locais. E algo invulgar aconteceu: procurámos locais suficientemente impróprios, com um certo grau de poluição luminosa: um subúrbio perto da cidade e um local dentro da cidade de Chemnitz — zonas pouco agradáveis para os observadores visuais. A observação foi feita com um newtoniano f/4 de 10”, um newtoniano f/4 de 8”, um refrator 120/600 e um refrator 70/350. Nos aparelhos f/4 foram utilizadas oculares Nagler de 1,25” e uma ocular grande-angular de 100° com 2”.

Nos refratores foram utilizadas diferentes oculares da mala de oculares. Os filtros de 1,25” foram convenientemente colocados numa roda de filtros quíntupla, deixando uma ranhura de filtro vazia para fins comparativos. Em cada noite de observação foram observados os mesmos objetos. A lista de observação consistia em várias estruturas nebulosas e, experimentalmente, galáxias e enxames globulares.

Estruturas nebulosas graças aos filtros

Como resultado das observações, podemos concluir que ambos os filtros de banda estreita têm a sua razão de ser. Na prática, surge rapidamente a impressão de gradação de contraste — uma roda de filtros deixa este facto bem claro. Aqui, o brilho superficial do objeto, a abertura do aparelho e a intensidade da poluição luminosa determinam a escolha do filtro. A gradação de contraste que mencionámos é notória na Nebulosa do Véu: no newtoniano f/4 de 10” sem filtro foi possível vislumbrar uma nebulosa alongada perto da cidade — um observador inexperiente provavelmente não a teria visto. Do local dentro da cidade não se conseguiu avistar nada.

Com o filtro CLS, em ambos os locais foram avistadas as primeiras estruturas nebulosas. Além disso, o destaque em relação ao fundo é consideravelmente maior — com este filtro, as estrelas eram verdes e muito menos luminosas, o que não teve qualquer impacto uma vez que o foco estava no objeto. O filtro UHC proporcionou outra melhoria significativa: o fundo do céu era quase preto e as estruturas tornaram-se mais nítidas. No refrator 70/350, a nebulosa foi avistada com o filtro CLS, até mesmo a partir do centro da cidade. Já o filtro UHC não trouxe qualquer melhoria.

Todos os filtros produzem uma imagem sem distorções e não alteram a nitidez até à margem. De salientar que, em determinadas situações, o filtro CLS funciona melhor do que o filtro UHC. Isto é notório quando a transmissão do ar é fraca, uma vez que, nestes casos, o UHC retira demasiado e o brilho superficial da objetiva diminui na mesma medida. Esta observação foi confirmada pelo nosso colega Andreas Viertel, que deu apoio aos testes em duas noites.

Ver mais na cidade

Uma vez que o CLS e o UHC bloqueiam os comprimentos de onda da iluminação artificial, o passo seguinte era o de testar o aumento do contraste noutros objetos celestes. Teoricamente, não era esperada qualquer melhoria, uma vez que o brilho superficial das galáxias e dos enxames globulares diminui significativamente com a utilização dos filtros. Foi testada a relação entre a diminuição do brilho de fundo e a diminuição do brilho do objeto. Perto da cidade, com poluição luminosa moderada, os filtros não têm qualquer utilidade, uma vez que ambos os brilhos (fundo e objeto) diminuem na mesma medida. O grau de poluição luminosa é demasiado baixo. No entanto, em locais urbanos, é possível encontrar objetos em que a redução do brilho do fundo do céu é superior à do brilho superficial do objeto. Este efeito pôde ser observado nas M 81/82.

Em laboratório, ambos os filtros apresentaram curvas de transmissão muito semelhantes. O filtro CLS estende-se apenas alguns nanómetros a mais para a área verde do espetro, onde o olho humano é mais sensível. Também é notória uma maior banda passante do filtro UHC no infravermelho, o que pode ser importante para imagens fotográficas, uma vez que os sensores CCD são sensíveis até cerca de 1000 nm. Ambos os filtros bloqueiam de forma muito fiável as principais linhas de emissão das lâmpadas de vapor de sódio e de mercúrio, as quais são as principais responsáveis pela poluição luminosa.

Filtros lineares (Hα, Hβ, OIII e SII)

O teste de laboratório mostrou que todos os filtros lineares da série Pro cumprem em grande parte a largura a meia altura (FWHM) da respetiva gama de transmissão. O filtro Hα é o que mais se desvia do valor especificado — mas com uma FWHM de pouco mais de 13 nm, este filtro continua num patamar superior. A transmissão diretamente na linha Hα é de 90 % — um valor bastante bom. Todos os outros filtros estão dentro ou até mesmo acima da largura a meia altura anunciada. Uma caraterística marcante do filtro Hβ é a elevada transmissão no infravermelho próximo. Mas se não for o que se pretende, deve-se utilizar adicionalmente um filtro bloqueador de infravermelhos. À semelhança dos filtros CLS e UHC, também o filtro OIII foi testado visualmente — embora esteja a ser comercializado como filtro CCD. No entanto, o comprimento máximo de onda também se encontra aqui na gama da sensibilidade aumentada do olho humano. Uma vez que apenas uma pequena quantidade de luz passa através deste filtro, são necessários telescópios com aberturas a partir de 150 mm. Qualquer astrónomo amador fica em êxtase ao observar a Nebulosa do Véu com um filtro OIII: assim que se troca de filtro, parece que a nebulosa fica subitamente muito mais brilhante.

Porém, este brilho é apenas um fenómeno que pode ser explicado pelo elevado contraste. O efeito de mudar para a ranhura vazia da roda de filtros é realmente espantoso e reflete o desempenho excecional deste filtro, especialmente na Nebulosa do Véu. Todos os resultados das observações também se refletem nas versões de 2”, com as quais foi utilizada uma ocular de 100°. Aqui ficamos realmente com a impressão de que o objeto está a flutuar perante o observador — fantástico! O newtoniano f/4 de 8” revelou praticamente o mesmo aumento de contraste e de detalhes em relação à sua abertur.

Diagramas de transmissão do filtro de luminância, do filtro verde, do filtro vermelho e do filtro azul. Diagramas de transmissão do filtro de luminância, do filtro verde, do filtro vermelho e do filtro azul.
Diagramas de transmissão dos filtros UHC e CLS. Diagramas de transmissão dos filtros UHC e CLS.
Diagramas de transmissão dos filtros Hα, Hβ, OIII CCD e SII CCD. Diagramas de transmissão dos filtros Hα, Hβ, OIII CCD e SII CCD.

Conclusão

Os filtros da série Pro deixam uma impressão sólida. Além do seu acabamento de excelência, as suas características visuais e fotográficas fazem justiça ao segmento de preço. O conjunto LRGB não revelou quaisquer irregularidades nos testes realizados em termos de reflexos ou halos e homofocalidade. Também os restantes filtros são homofocais entre si e, por conseguinte, podem ser utilizados numa roda de filtros para a observação visual.

Além disso, todos os filtros visuais mantêm a nitidez da margem e não comprometem a imagem. Experimentalmente, é possível utilizar o CLS e o UHC com outros objetos além das estruturas nebulosas, tirando partido do bloqueio da luz artificial. O filtro OIII pode ser utilizado visualmente a partir de uma abertura de 8”, mas a sua principal área de aplicação é a fotografia. Uma vez que não foi possível testar na prática os filtros Hα, Hβ e SII, a análise aqui apresentada baseia-se nas avaliações laboratoriais das curvas de transmissão, as quais foram bastante positivas, não obstante a elevada transmissão no infravermelho do filtro Hβ.

A nova linha de filtros Omegon Pro veio colmatar uma lacuna na gama de produtos da Omegon. O acabamento sólido bem como as características óticas de excelência — e, graças aos protocolos de teste, transparentes — tornam os filtros desta série recomendáveis para observadores que valorizam a qualidade e a excelência ótica e que estão dispostos a pagar um preço ligeiramente superior ao dos filtros da série padrão.